Além de reciclagem, descarte consciente de resíduos e plantação de árvores, falar sobre empreendedorismo sustentável hoje é também falar sobre estratégia e competitividade de mercado.

Sim, preocupar-se com o meio ambiente e com a sociedade não exclui um segundo propósito da sustentabilidade: tornar o negócio competitivo, viável e lucrativo economicamente.

Tema apresentado no último Summit Internacional de Inovação 2021 – evento promovido pelo Sebrae e que contou com a parceria com o Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) –, a responsabilidade socioambiental é um fator decisivo e estratégico para qualquer empresa, grande ou pequena, se destacar em um mercado cada vez mais consciente e exigente. 

A seguir, descubra por que investir em sustentabilidade, ou mesmo criar um novo negócio inteiramente sustentável, tem ajudado marcas a crescerem em todo o mundo.

Um importante diferencial

Diante da grande variedade de mercadorias e serviços ofertados pelo setor produtivo, especialmente por meio do mercado digital, quem decide empreender hoje se depara com um grande desafio: destacar-se da concorrência.

No entanto, se é verdade que a oferta é grande, também é verdade que o consumidor tem se tornado cada vez mais exigente e consciente sob o ponto de vista socioambiental, conforme afirmou a especialista agronômica da Yara Brasil, Cíntia Neves, durante uma live sobre sustentabilidade ambiental no campo, promovida pelo Sebrae.

Assim, a sustentabilidade passa a se tornar um importante diferencial de marca, cuja face socioambiental passa a ser bem vista e valorizada por qualquer consumidor consciente. 

Além disso, nesse mesmo debate virtual, o consultor de agronegócios do Sebrae, Luís Adriano Pinto, expôs um conceito de sustentabilidade que esclarece as ideias de quem ainda pensa que ser sustentável resume-se a reciclar e separar o lixo: “sustentabilidade representa o ecologicamente correto, o economicamente viável e o socialmente justo”.

É para todos!

Em sua apresentação no Summit 2021, Arianne Kern, gestora do programa Salto Aceleradora, do Impacta Hub Floripa, foi enfática ao defender que sustentabilidade não é para apenas grandes empresas, mas para todas.

“O microempreendedor individual precisa se empoderar e, neste momento, ter o olhar do sustentável enquanto promotor de inovação”, defende a gestora.

Além disso, mais do que uma questão de consciência, Kern defende que a sustentabilidade não está dissociada do lucro e da criatividade. Concorda com ela o autor Bruno Perin, escritor do livro “A Revolução das Startups”: 

“Não é apenas ajudar a natureza, como forma de parecer legal. Isso é cultura e missão das empresas, porque negócios com esse perfil têm a preferência de pessoas que escolhem produtos não apenas pelo preço”, comenta o autor.

Como ser sustentável?

Conforme já mencionamos no início deste post, empreender sustentavelmente não significa apenas reciclar ou separar o lixo da empresa. Longe de desmerecer tais atividades, o empreendedorismo sustentável, na verdade, busca o atingimento de três grandes objetivos: viabilidade econômica, saúde ambiental e justiça social.

Assim, qualquer empresa, ainda que pequena, pode nascer sustentável e fazer disso, na verdade, sua própria “razão de ser”. Foi o caso das empresas TOMS e B2Blue, as quais, mesmo com poucos recursos no início, usaram de ideias sustentáveis para criar negócios inovadores e de sucesso.

A TOMS nasceu a partir de uma proposta de criar calçados de baixo custo e com estilo. No entanto, ainda que custassem pouco, o norte-americano Blake Mycoskie, criador da marca, percebeu, durante uma visita à Argentina, que muitas pessoas de baixa renda não teriam condições de comprar sequer um par de calçados, dada a sua situação de pobreza.

A solução para isso foi criar a TOMS atrelada a uma proposta altamente sustentável: a cada par comprado, um igual seria doado para comunidades carentes. O ato surtiu efeito e hoje a TOMS é mundialmente conhecida por seu engajamento social, um dos principais trunfos da empresa.

Já a B2Blue é uma plataforma on-line que possibilita a compra e venda de resíduos de diversos tipos. Ou seja, com criatividade, Business Intelligence (BI) e economia circular, a empresa criou um negócio sustentável, simples e barato, otimizando uma das práticas mais conhecidas de sustentabilidade: o reaproveitamento.

Outras ideias podem surgir tanto do nível infraestrutural como social. Alguns exemplos: uso consciente da água e da eletricidade, aproveitamento de energia solar, e diminuição do uso de descartáveis.

Já no aspecto social: contratar apenas profissionais que vivem nas proximidades, de maneira a diminuir a emissão de gases poluentes no deslocamento dessas pessoas até o local de trabalho. As possibilidades são inúmeras! 

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