Ser transparente é uma atitude necessária para toda empresa que deseja atrair (e reter) colaboradores talentosos para o seu time.

Essa foi uma das descobertas da equipe de psicólogos, professores e estatísticos do Parque Tecnológico Metrópole Digital envolvidos no programa +Talentos ao conduzirem uma pesquisa que buscou entender quais as reais expectativas de empresas de TI no que diz respeito à formação de recursos humanos. 

Com a participação de mais de 15 instituições de pequeno e médio porte credenciadas ao Parque, o estudo abordou aspectos como formação acadêmica, remuneração, soft skills, áreas de atuação, ofertas de treinamento, entre outros.

Além das conclusões, disponíveis nesse arquivo, também foi realizada uma live no Parque Talks para discutir os principais resultados do estudo com Juliana Bertolini, consultora de RH da Liga Ventures – plataforma possibilita a conexão de startups a empresas de grande porte.

Neste post, reunimos descobertas da pesquisa debatidas na live que vão te ajudar a entender um pouco mais sobre diferentes aspectos do mercado de trabalho em TI.

 

1. Gestão: uma habilidade necessária

De acordo com a pesquisa, que recebeu o mesmo nome do projeto, +Talentos, tanto funções de nível médio como superior têm se mostrado relevantes para as empresas de TI. No entanto, os cargos mais difíceis de serem preenchidos são os de analista superior, analista pleno e gerente.

Segundo Juliana Reis, psicóloga do IMD, “esses cargos são mais difíceis porque exigem do profissional de TI experiência e habilidades em gerência”, área que ainda não recebe tanta ênfase nos cursos de formação técnica ou superior.

 

2. Foco no software

No rol das habilidades técnicas que mais tem sido cobradas pelas empresas consultadas, destacaram-se a criação e gerenciamento de bancos de dados, design e estrutura de rede e de testes, além de desenvolvimento e suporte em TI. Em outras palavras, atividades, em sua maioria, vinculadas ao desenvolvimento de softwares.

Sobre esse fenômeno, Juliana Reis explica que as informações geradas por softwares têm sido cada vez mais utilizadas no processo de tomada de decisão por parte das empresas e dos seus clientes. 

“As empresas do Parque Tecnológico podem, portanto, introduzir outros campos de atuação em seu leque de serviços, passando a entregar, também, dados e informações estratégicas para seus clientes”, aponta Reis.

 

3. Soft skills cada vez mais demandadas

Além das habilidades técnicas, as empresas participantes da pesquisa apontaram uma série de competências esperadas por um bom profissional de TI. Destacaram-se no estudo, além das skills de liderança, atividades como gerenciamento de projetos, relacionamento interpessoal e capacidade negociativa. 

“Essas competências são mais comportamentais (soft skills), habilidades não técnicas, mas que cada vez mais são requeridas desses profissionais, de modo a complementar a sua formação”, destaca a psicóloga. 

Além dessas, outras características foram enfatizadas, como capacidade analítica de tomada de decisão, boas capacidades para formar networking, resiliência, baixa resistência a riscos e criatividade. 

Essa última, inclusive, foi unânime entre as empesas participantes do estudo: a criatividade é fundamental para a adaptação de profissionais em diferentes contextos institucionais e para a mudança do mercado pautada na inovação.

 

4. Retenção de talentos

A consultora Juliana Bertolini defendeu, durante sua apresentação no Park Talks, a importância dos profissionais acompanharem e reunirem, por meio da transparência das empesas, informações sobre a carreira que pretendem seguir, de modo que se conectem ao trabalho e sintam que as atividades a serem desenvolvidas combinam com eles. 

No entanto, para reter talentos, é fundamental o esforço também das empresas. Segundo a consultora da Liga Ventures, hoje o cenário do mercado é distinto e um exemplo disso são organizações que demandam um grande número de atividades para um único profissional, um “faz tudo tecnológico”. 

Para piorar, é comum que esses profissionais recebam baixos salários, o que acaba sendo só mais um fator de desmotivação e, consequentemente, de evasão dessas pessoas.

Outra questão apontada pela consultora e que precisa ser considerada pelas empresas de TI é a inserção de colaboradores nos macroprocessos de trabalho, de modo a aumentar a autonomia das equipes nas tomadas de decisão. Também é fundamental verificar se os perfis dos novos contratados realmente se encaixam com a identidade do negócio – ponto fundamental para o engajamento desses profissionais na empresa.

Por fim, é importante que, durante o recrutamento, a empresa consiga entender como o profissional trabalha e quais são os objetivos dele. “Alguns perfis estão focados mais em processos, em construir o ferramental, outros em empreender, trabalhando em várias empresas ao mesmo tempo”, considera Juliana Bertolini.

 

5. Estágios e experiências com estudantes

Outro ponto debatido na live diz respeito aos estágios. Além de oferecerem trabalhos e funções com carteira assinada, é comum (e recomendável) que as empesas também criem programas de estágio, que são ótimas oportunidades para conhecer e atrair futuros talentos para o time.

No entanto, segundo o professor Daniel Sabino, diretor de ensino do IMD, é fundamental que o setor produtivo e os estudantes alinhem bem as demandas e atividades institucionais durante a formalização de um estágio em TI. 

“Por exemplo, é comum que se disponibilize uma vaga para aluno de graduação, mas um aluno de curso técnico seria o perfil mais indicado para aquela vaga”, comenta Sabino. 

O professor ainda explica que cada etapa de ensino tem uma proposta diferente. A graduação, por exemplo, possibilita ao aluno um conhecimento amplo, diferentemente do curso técnico. 

Ou seja, saber mais detalhadamente sobre como acontece a formação de recursos humanos na universidade, por exemplo, é um importante passo para que a empresa desempenhe um bom gerenciamento estratégico de pessoas e, consequentemente, retenha mais talentos no seu quadro de colaboradores.