Se você acha que investir em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) não é para sua empresa, pense de novo. Em todo o mundo, uma das características que mais tem feito os negócios se destacarem é a inovação, especialmente a inovação tecnológica, e empresas dos mais variados ramos têm enxergado nisso uma oportunidade para estar sempre um passo à frente no mercado.

Exemplo disso são as inúmeras ações realizadas pela diretoria de projetos do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN), que estabelecem parcerias entre empresas e pesquisadores da universidade, na forma de projetos de PD&I, que têm contribuído para o surgimento de soluções inovadoras de produtos, serviços e modelos de negócios.

Mas, se você ainda não é uma dessas empresas e tem medo de ficar para trás, não se preocupe. Descubra a seguir como a parceria universidade-empresa em PD&I pode alçar o seu negócio a um novo patamar.


1. Como é o processo de investimento em PD&I?

Como falamos no começo desse post, uma das principais formas de se investir em PD&I hoje é por meio de parcerias com universidades ou institutos de pesquisa, polos de desenvolvimento científico do país.

Essa cooperação direta entre o setor privado e as universidades são oportunidades para a troca de conhecimentos e experiências: o científico e tecnológico da academia com a capacidade de produção das empresas. Tal cooperação é firmada, no âmbito da UFRN, por meio de convênios (para empresas públicas) ou acordos de parceria (para instituições privadas).

Com processo ágil e simplificado, uma iniciativa pode começar com a simples consulta ao portfólio de PD&I do IMD. Lá, o empreendedor encontra mais de 90 ações feitas em diferentes áreas – como saúde, educação, eficiência genética, produção industrial, bioinformática, entre outras – e pode escolher uma (ou mais) cujas especificidades e soluções atendam à sua necessidade empresarial.

Em seguida, são feitos encontros com o setor de projetos do IMD – coordenado pelo professor Jair Leite –, em que serão detalhadas questões como cronograma, metas e orçamentos. “São realizados cerca de três encontros. A partir daí, entendemos qual a necessidade da empresa e mapeamos os pesquisadores mais qualificados para o projeto’’, explica Jair Leite.


2. O que é preciso para investir em PD&I?

Segundo um levantamento realizado pela Cornell University, em parceria com o Instituto Europeu de Administração de Empresas e com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual, o Brasil conseguiu subir quatro posições no Índice Global de Inovação em 2020. Mas o que essas empresas precisam ter para alcançar essa inovação e fazer parte desse índice?

Em primeiro lugar, é necessário um orçamento capaz de financiar todos os envolvidos no projeto – professores, alunos, pesquisadores, etc. Atrelado a isso, é preciso que esteja bem claro na consciência do empresário o pensamento de que PD&I, por mais vantajoso seja, é, normalmente, um investimento a longo prazo, ou seja, não é algo que gera retorno imediato para o investidor.

No entanto, para transpor essa questão orçamentária, existem, no Brasil, leis de incentivo à inovação. Alguns exemplos disso são a “Lei do Bem” (Lei nº 11.196/05) e a “Lei de Informática” (Lei nº 8.248/91). Ambas dispõem que parte dos valores tributários pagos ao governo sejam utilizados para financiar projetos de inovação.

“Grandes empresas já têm se beneficiado bastante com isso. Temos projetos feitos por conta da Lei de Informática com empresas como a Huawei, a Intelbras e a Lenovo”, comenta Jair Leite.

Outro ponto a ser levado em consideração é a possibilidade da formação de novos negócios. Isso porque os produtos gerados no projeto têm, muitas vezes, a capacidade de constituírem, eles mesmos, um serviço totalmente novo, o que é excelente para a manutenção de um ecossistema de empreendedorismo inovador.


3. Em que áreas de PD&I minha empresa pode investir?

O portfólio do IMD conta com ações em nove áreas diferentes. No entanto, segundo o professor Jair Leite, dois dos campos que mais têm sido procurados atualmente são Inteligência Artificial (IA) – especialmente em projetos de processamento de imagens e reconhecimento de voz – e Internet of Things (IoT), em inciativas voltadas, por exemplo, à automatização residencial e industrial.

Um case que ilustra bem isso é o projeto desenvolvido por pesquisadores da UFRN que verifica o consumo de energia elétrica nos setores de aula por meio de um sistema que controla os aparelhos de ar-condicionados.

“A iniciativa permite que o sensor regule a temperatura do ambiente de acordo com a presença de pessoas. Ou seja, esse mecanismo permite que aparelhos como ar-condicionado sejam desligados conforme a necessidade, promovendo economia de energia”, comenta Jair Leite.

Outras iniciativas que fazem uso de IoT são as ações geridas pelo Laboratório de Informática Industrial (LII) do IMD, especialmente aquelas voltadas para o setor produtivo e o automobilístico. Esse último, inclusive, tem sido beneficiado com uma série de ações e pesquisas que geram dados importantes referentes ao rendimento de combustíveis, índices de poluição, estado físico do automóvel, entre outros.